Maioria das pessoas concordam que o estupro é um dos piores
crimes que existem. Ainda assim, 99% dos estupradores estão soltos - e eles não
são quem você imagina. Culpa de uma tradição milenar: o nosso hábito de abafar
a violência a qualquer custo. Entenda aqui por que é tão difícil falar de
estupro.
Luci era uma donzela de 13 anos que, no século X, vivia em um importante vilarejo com seus pais. Certo dia de verão, ela saiu para ir à feira com uma amiga quando sentiu uma vontade enorme de ir ao banheiro. Sem ter aonde ir, entrou no primeiro casebre do caminho e resolveu fazer xixi por lá mesmo. Foi quando um homem de 35 anos a encontrou e decidiu que a tomaria à força. O rapaz a prendeu dentro da cabana e a violentou: foi tanta brutalidade que Luci ficou toda ensanguentada e com as vestes rasgadas. Quando a menina chegou em casa, seu pai se encheu de desgosto – não podia acreditar que a filha não era mais virgem.
Ainda assim, a família decidiu buscar justiça e foi falar com o mandatário local para mandar prender o criminoso. O oficial logo encontrou o acusado que, depois de muito tempo, acabou confessando o crime. Assim, de acordo com a lei da época, o oficial apresentou duas opções para a família: ou o homem ia preso ou assumia a menina e se casava com Luci para resgatar sua “honra”. Como o pai da menina não queria mais saber daquela filha impura, mandou ela se casar com seu estuprador. Foi o que aconteceu. No dia seguinte, Luci se mudou para a cabana onde foi violentada, onde passou 11 anos ao lado de seu monstruoso marido. Ele a engravidou por cinco vezes e bateu nela todos os dias enquanto permaneceram casados.
A história seria apenas mais um terrível conto medieval, se eu não tivesse esquecido um “X” na data lá em cima. O caso de Luci não aconteceu no século X, mas no século XX – em 1982, para ser exato. O importante vilarejo era a cidade de Guarulhos, em São Paulo, e Luci é Lucineide S., uma cabeleireira de 46 anos que, hoje, está separada de seu estuprador. (E, se você ficou na dúvida: sim, até 2002 existia na lei brasileira a possibilidade de o estuprador não cumprir pena caso ele se casasse com sua vítima.)
Segundo o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, todos os anos cerca de 50 mil pessoas são estupradas no Brasil. Esses são os números oficiais, obtidos a partir da papelada formal. Mas eles não correspondem à realidade. O estupro é um dos crimes mais subnotificados que existem e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada estima que os dados oficiais representem apenas 10% dos casos ocorridos. Ou seja, o verdadeiro número de pessoas estupradas todos os anos no Brasil é mais de meio milhão. Nos EUA, onde existem dados longitudinais, de acordo com o Center for Disease Control and Prevention, uma em cinco mulheres vai ser estuprada ao longo da vida.
Os casos registrados são baixos porque existe um comportamento persistente que cerca o estupro: o silêncio. Vítimas não denunciam seus agressores, policiais não investigam as acusações, famílias ignoram os pedidos de ajuda, instituições não entregam seus criminosos – esses mecanismos invisíveis fazem com que 90% da violência sexual jamais seja conhecida por ninguém. E isso, sim, é um crime ainda maior do que a soma de cada caso. Apesar de entendermos o estupro como um dos piores crimes que podem acontecer a alguém – segundo pesquisas sobre percepção de crueldade, ele só perde para o assassinato –, somos estranhamente incrédulos para acreditar que ele realmente acontece. O estupro é o único crime no qual a vítima é julgada junto com o criminoso.
Imagine que roubaram o seu celular e você decide fazer um B.O. Agora imagine que o delegado que pegou o seu caso resolve perguntar onde você foi assaltado, que horas eram e se você era conhecido por trocar de aparelho o tempo todo. Depois ele pergunta se você tem certeza de que o assalto realmente aconteceu ou se você não deu o celular ao bandido por vontade própria. Se você então explica que o roubo foi de madrugada e depois de você ter tomado umas cervejas, o delegado decide – por conta própria – que não houve crime algum: você estava na rua e bêbado, quem pode garantir que você está falando a verdade? Ou então, pior, quem disse que você não queria ter sido assaltado?
Isso acontece com quem foi estuprado o tempo todo. Mulheres relatam como são recebidas com desconfiança quando resolvem contar suas histórias para alguém. Pessoas perguntam que roupa ela vestia, onde ela estava, que horas eram, se estava bêbada, se já não havia ficado com o estuprador alguma vez, se deu a entender que queria fazer sexo e até se já teve muitos namorados antes. E essas perguntas podem vir de qualquer um.
Foi o que aconteceu com a menina Maria*, por exemplo, estuprada pelo avô aos 14 anos. Quando ela resolveu pedir ajuda à avó, ouviu que a culpa havia sido dela. “Você saiu do banho de toalha na frente do seu avô, que não sabe controlar os instintos.” O avô seguiu normalmente a vida, e Maria viveu com a culpa de quase ter desestruturado toda a sua família, como insinuou a avó. Comentários assim surgem de amigos, familiares, policiais, médicos, advogados – e até de juízes. Todas as instâncias trabalham para abafar o crime e jogar o assunto para baixo do tapete. Todas mesmo.
Perguntar ofende
Não é fácil denunciar um estupro. É preciso ir à delegacia e prestar depoimento para funcionários que nem sempre sabem lidar com vítimas de violência sexual (não há nenhum tipo de treinamento especial para isso aqui no Brasil) e que podem, sim, fazer as perguntas e insinuações que nosso delegado fictício lá atrás fez. Se quiser que o caso tenha continuidade no processo jurídico, a vítima terá de ir ao IML fazer o exame médico (consultas feitas em postos de saúde ou médicos particulares não têm validade legal). O exame é constrangedor: o médico legista examina o corpo inteiro da mulher em busca de fibras ou pelos que possam incriminar alguém, além de vasculhar vagina, ânus e períneo por sinais de laceração, feridas ou esperma. A mulher é apalpada, penetrada por instrumentos e interrogada sobre detalhes do crime, apenas horas depois do ocorrido. Em seguida, a agredida terá de torcer para que seu caso seja encaminhado para os tribunais: quem decide isso são promotores e juízes, e a maioria deles prefere dar continuidade apenas aos casos que têm maior chance de serem provados nas cortes. Isso quer dizer que, se não houver sinais de esperma, ou se a vítima não tiver sido ameaçada por arma de fogo ou se ela não apresentar machucados porque preferiu ficar imóvel e não apanhar do estuprador, as provas ficam mais frágeis. Quem poderá garantir que a relação foi diante de ameaça, afinal?
Se a mulher conhecer o criminoso, então, as chances de seu caso ser levado à frente caem drasticamente. Primeiro, pelo medo de retaliação: muitas preferem nem fazer a queixa para não serem perseguidas pelos seus agressores. E, segundo, porque é quase impossível provar se houve ou não consentimento. Se a vítima chegar à delegacia dizendo que foi estuprada por um namorado, marido, ficante ou amigo, é quase certeiro que seu caso não vá para frente. Mesmo se for parar no tribunal, a acusação corre o risco de se voltar contra a mulher, como já vimos. “Os advogados podem usar qualquer tipo de argumento para invalidar a vítima. Geralmente são argumentos moralistas – e que funcionam”, diz Ana Paula Meirelles Lewin, coordenadora do Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Não é à toa, então, que 90% das mulheres desistam de denunciar o crime: sabe-se lá o que advogados e procuradores vão inventar sobre ela.
O estupro acaba silenciado pela vergonha, uma arma eficientíssima. E vergonha é a palavra-chave nesses casos. “O estupro é um crime extremamente íntimo, uma violação profunda, como pouquíssimas outras coisas são. Se as pessoas que lidam com esses casos – médicos, advogados, policiais – não tiverem respeito por essa violação, elas não vão conseguir ajudar as mulheres”, diz o médico Jefferson Drezett, que atende vítimas de violência sexual no hospital Pérola Byington, em São Paulo.
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Quando eu era criança, adorava o circo, e o que mais gostava de
ver eram os animais. O elefante era o que mais me chamava a atenção. Durante o espetáculo,
aquele animal enorme fazia uma demonstração de peso, tamanho e força
descomunais… mas depois da apresentação, ele ficava amarrado por uma das patas
com uma corrente presa numa pequena estaca cravada no chão.
Embora
a corrente fosse grossa e resistente, me parecia óbvio que o elefante, capaz de
arrancar uma árvore pela raiz com sua força, poderia facilmente arrancar a
estaca e fugir.
O
mistério era evidente: por que ele não fugia?
Quando
eu tinha 5 ou 6 anos e ainda confiava na sabedoria dos adultos, perguntei a um
professor sobre o mistério do elefante. Ele me explicou que o animal não fugia
porque era adestrado.
–
Se é adestrado, por que o acorrentam? – perguntei.
Não
me lembro de ter recebido qualquer resposta coerente. Com o tempo, esqueci um
pouco essa história e só me lembrava dela quando encontrava alguém que tinha a
mesma dúvida que eu.
Há
alguns anos conheci uma pessoa sábia o bastante para dar uma resposta: o
elefante do circo não foge porque sempre esteve preso a uma estaca parecida com
essa – desde muito pequeno.
Fechei
os olhos e imaginei o elefante recém-nascido preso à estaca. Tenho certeza de
que naquele momento o elefantinho empurrou, puxou e suou, tentando se soltar.
E, apesar de tanto esforço, não conseguiu.
A
estaca certamente era forte demais para ele.
Eu
poderia jurar que ele dormiu, exausto, e no dia seguinte fez tudo de novo, e
também no seguinte, e no seguinte… Até que um dia aceitou sua impotência e
resignou-se ao seu destino.
Esse
enorme e poderoso elefante que vemos no circo não escapa porque acha que não
pode. Ele tem o registro e a lembrança de sua incapacidade, aquela que sentiu
logo depois de nascer. O pior é que nunca mais voltou a questionar isso.
E
jamais tentou pôr sua força à prova novamente.
–
É isso aí, Demián. Todos somos um pouco como esse elefante do circo: vivemos
amarrados a muitas estacas que nos tiram a liberdade. Acreditamos que "não
podemos" um monte de coisas, simplesmente porque alguma vez, quando éramos
crianças, tentamos e não conseguimos. Então fizemos o mesmo que o elefante.
Gravamos na memória um registro de incapacidade e repetimos "Não posso…
Não posso e nunca poderei".
Fiquei
olhando para ele, calado.
–
Crescemos carregando essa mensagem que nos impusemos e nunca mais voltamos a
tentar – disse ele. – No máximo, sentimos os grilhões e, de vez em quando,
fazemos soar as correntes ou olhamos para a estaca e confirmamos o estigma:
"Não posso e nunca poderei!"
Jorge
fez uma longa pausa; depois se aproximou, sentou-se no chão à minha frente e
concluiu:
–
Isso é o que acontece com você. Você vive condicionado pela lembrança de que
outro Demián, que já não existe, não conseguiu. A única maneira de saber se
você pode agora é tentar novamente, usando todo o seu coração… Todo o seu coração.
Após
a leitura vale a pena refletir sobre quantas dessas correntes permanecem em
nossa vida.
A dissertação é um texto argumentativo em que o escritor disserta sobre determinado assunto, porém sempre com um teor opinativo. O texto dissertativo é pautado na exposição de ideias, argumentos e ponto de vista do locutor. Apresenta uma estrutura básica dividida em três partes: introdução (tese), desenvolvimento (antítese) e a conclusão (nova tese).
Exemplo de Dissertação
Páscoa é a festa espiritual da libertação, simbolizada por objetos incorporados em nossas vidas como o ovo de páscoa, que está ligado a um ritual egípcio e, por conveniências comerciais, ganhou seu lugar nas festividades do Domingo de Páscoa assim como outra tradições que surgiram do anseio popular (a malhação do Judas em Sábado de Aleluia).
Mas, a verdadeira Páscoa está narrada em Exodus e depois a Nova Páscoa está descrita no Evangelho de Jesus Cristo como a vitória do Filho do Homem. A primeira Páscoa da História foi celebrada pelos hebreus no século 13 a.C. para que todos lembrassem que Moisés, com a ajuda do Senhor, salvou o seu povo das mãos do Faraó. Assim, o cordeiro foi o sinal de aliança e o anjo podia saber quem estava com Javé ou Jeová.
E com a ceia vieram os pães ázimos sem fermento e as ervas amargas comidas com o cordeiro pelos hebreus com os cinturões cingidos aos rins, prontos para ir embora do Egito, ao amanhecer. Depois temos o anúncio do Cordeiro de Deus por João Batista e a revelação do Filho do Homem até a sua crucificação e a Ressurreição. Somente a partir deste período, os cristãos das catacumbas começam a usar o Ovo como símbolo de vida nova, além do que depois do jejum da Quaresma e da Semana Santa era o alimento para a preparação da festa, entre 22 de março a 25 de abril, variando de ano para ano.
A origem das tradições pascais variam de civilização a civilização e de tudo que pode ser incorporado como os ovos egípcios ganhou afeição dos teutônicos e na China, na Festa da Primavera, distribuíam ovos coloridos. Os missionários trouxeram o costume que se ocidentalizou-se e a Igreja concordou e oficializou no século XVIII.
No mundo todo, a cerimônia religiosa da Páscoa varia conforme as tradições e costumes, mas seus significados de Libertação e Vida Nova ainda são traduzidos nas festividades pascais e nas suas formas de comemorações até mesmo com a malhação do Judas no Sábado de Aleluia e a Missa de Páscoa de Domingo, tudo faz parte da civilização cristã ocidental e da história da vida, morte, paixão e ressurreição de Cristo narrada no Antigo e Novo Testamento.
A descrição é um texto baseado na exposição/relato de objetos, pessoas, lugares, acontecimentos. Por isso, a descrição está pautada na narração minuciosa na qual o locutor oferece uma impressão sobre algo. A descrição pode ser objetiva (descrição direta, simples, concreta) ou subjetiva (quando há emoção presente).
Exemplo de Descrição
Este é o técnico da seleção: Um homem de cabelos esbranquecidos pela vida de futebol e por demais atacado pela calvície e possuidor de um temperamento contestador mas audaz em sua decisão de levar o Brasil ao título do Pentacampeonato tão almejado por um Povo de autenticidade futebolística e técnicos de coração verde e amarelo que bradam e vivem a vitória e a derrota de cada etapa num grito eufórico de gol !
A característica mais marcante da narração é que neste tipo de texto o locutor conta ou narra um fato, uma história. Por este motivo, os elementos básicos de uma narração são: enredo, tempo, espaço e personagens. Ela é feita por meio de um narrador, o qual pode ser narrador personagem (1ª pessoa), narrador observador (3ª pessoa) ou narrador onisciente (1ª e 3ª pessoa). Não obstante, o narrador personagem participa da história enquanto o narrador observador não participa da história. Já o narrador onisciente conta a história em 3ª pessoa e pode intervir na narrativa por meia da 1ª pessoa.
Exemplo de Narração
Vai iniciar mais uma partida de mais um clássico de futebol. E parece que o dia está claro para um jogo jamais visto em todo este campeonato. É o Brasil buscando o nosso Pentacampeonato contra a Jamaica. Vai ser dado o chute inicial e o jogo vai começar... Vai, Brasil !
A coerência é uma característica muito importante do texto e está intimamente relacionada à significação do tecido textual. Por isso, devemos levar em consideração os três princípios básicos para que um texto seja coerente:
Princípio da Não Contradição (ideias que se contradizem);
Princípio da Não Tautologia (repetição excessiva de palavras ou ideias);
Princípio da Relevância (textos que não se relacionam). É a relação lógica entre as ideias de um texto, fazendo com que umas complementem as outras e não se contradigam. Com isso, forma um "todo" significativo, que é o texto.
Coesão
Do verbo coerir, ou seja, unir, ligar, a coesão do texto está pautada na utilização correta dos conectivos. Muito importante lembrar que um texto não é um emaranhado de frases e, por este motivo, a coesão é uma característica fundamental para tornar o texto coesivo. Ela é a conexão harmoniosa entre as partes do texto, do parágrafo e da frase. São muitos os conectivos de um texto e sua utilização dependerá da ideia a ser transmitida. Há conectivos de prioridade, tempo, semelhança, condição, adição, dúvida, ênfase, surpresa, esclarecimento, lugar, conclusão, finalidade, causa e consequência, explicação, oposição ou ideias alternativas. Estes elementos coesivos estabelecem a conexão entre os termos. São eles:
O Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que durou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo[1] e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa. Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o romantismo toma mais tarde a forma de um movimento, e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.
No entanto, se necessário compreender a diferença entre:
Movimento artístico Romantismo - nasceu da necessidade de ruptura com o ideário aristocrático e clássico que dominava as sociedades até o século XVIII pregando valores sociais, estéticos que constituíam verdades absolutas. O rompimento com tudo o que compunha o clássico era a tônica central desse movimento.
Sentimento romântico - é o sentimento que atinge a maioria das pessoas quando estão apaixonadas. O qual é um sentimento inerente ao ser humano, ou seja, existe desde o princípio da humanidade, e é uma característica pessoal. Há pessoas que agem movidas pelos sentimentos, são mais românticas e outras são racionais, não se deixam dominar por sentimentalismos.
Contexto histórico
Os principais fatos históricos que se relacionam com o Romantismo são:
O Romantismo é decorrente de uma profunda transformação ideológica, sociocultural e econômica que atingiu as sociedades europeias principalmente no século XVIII: o Iluminismo abrindo caminho para o conhecimento pleno, o desenvolvimento científico explorando campos até então não conhecidos. Numa análise mais cuidadosa, essa revolução se originou embrionariamente com o advento das grandes navegações, a mudança das relações econômicas e o aparecimento de uma economia urbana propiciando a gradativa ascensão da burguesia e, na mesma proporção, a decadência da aristocracia. Isso ocorre nos séculos XVI, XVII e se fortifica com a Revolução Francesa no final do século XVIII, com os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Confira na tabela abaixo as diferenças entre o Classicismo e o Romantismo:
Como já falamos, no período romântico o ser humano queria se libertar da visão objetiva trazida pelo Iluminismo. Por isso, as obras literárias têm as seguintes características:
Liberdade de criação e de expressão
O que importa, nesse movimento, não são as regras externas. As obras têm o objetivo de retratar e valorizar o eu, o indivíduo. Por esse motivo, os autores se sentem em total liberdade para expressarem seus sentimentos e visão de mundo da forma como desejam.
Nacionalismo
Muitas obras exaltam os feitos dos heróis nacionais. Para isso, elas resgatam o passado histórico das nações, principalmente o período medieval. Também é comum a valorização da pátria. Um exemplo clássico é o do poeta Gonçalves Dias que, quando estava em Portugal, escreveu a Canção do Exílio. Os versos mais conhecidos são:
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Religiosidade
Mais uma vez, uma característica do Romantismo mostra uma reação aos valores do Iluminismo. Se o racionalismo considerava a religião uma inimiga, o espírito romântico exalta o cristianismo como consolo diante das frustrações impostas pela vida real. Mais do que isso, no Romantismo o cristianismo é a causa da ingenuidade e a crença que inspira ações nobres e virtuosas.
Valorização da natureza
O autor romântico é fascinado pela natureza. Ele descreve as paisagens exóticas e usa, também, essa característica para exaltar sua nação. Voltando à Canção do Exílio, o poeta afirma:
Nosso céu tem mais estrelas
Nossas várzeas têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida
Nossa vida, mais amores.
Além disso, o autor romântico transforma a natureza em uma personagem que reflete o eu. Portanto, ela assume as emoções, como tristeza, e esbanja exuberância diante da alegria e das conquistas do indivíduo.
Valorização das emoções
A ênfase nas emoções pessoais é uma das principais características do Romantismo. O autor expressa não só os sentimentos dos personagens, mas sua própria percepção das situações e da vida.
Individualismo, egocentrismo
Para os autores românticos, eles e seus sentimentos estão no centro do universo. Seus desejos, paixões e frustrações são mais importantes do que os acontecimentos do entorno ou do mundo. É o microcosmos se sobrepondo ao macrocosmos.
Pessimismo
Os autores românticos frequentemente se deparam com a impossibilidade de realizar os desejos do seu “eu”. Como resultados, eles demonstram angústia, solidão, desespero, tristeza e frustração. Esse estado de espírito é conhecido como o “mal do século”. Por isso, o final de muitas obras românticas traz a saída encontrada pelos autores para essa tristeza e angústia. Morte, suicídio (como em Romeu e Julieta), fuga para a natureza ou a pátria são os escapes possíveis para esse mal.
Escapismo
O romantismo é marcado também pela fuga de uma realidade que o autor (ou personagem) não consegue suportar. A causa dessa frustração vem do contexto histórico: a Revolução Francesa promoveu mudanças, mas que não satisfizeram os desejos do homem. Dessa forma, ele sente a necessidade de escapar da realidade. Essa fuga pode acontecer por meio da morte ou suicídio ou na busca por um mundo utópico e perfeito, presente apenas no passado histórico. Por isso, eles resgatam fatos heroicos, principalmente do período medieval.
Idealismo
O autor romântico tem uma visão idealizada do mundo. A realidade, para ele, é desesperadora. Porém, a pátria, a mulher e o amor são vistos não da forma como são, mas como ele acredita que deveriam ser. Por isso, a pátria é sempre perfeita. A mulher (virgem, frágil, bela e submissa), além dessas características, é inatingível. O amor é espiritual, geralmente inalcançável e a causa de grande sofrimento.
Em Portugal, o Romantismo surge no século XIX. Temendo a invasão francesa, em decorrência do Bloqueio Continental, em 1808 a corte portuguesa havia se transferido para o Brasil dando início a um trabalho de reestruturação do país, o que começou a propiciar a independência dessa sua colônia, que ocorreu finalmente em 1822. O início do Romantismo em Portugal é marcado com a publicação, em 1836, de A Voz do Profeta, de Alexandre Herculano, sendo na sequência lançada a primeira revista romântica portuguesa, o Panorama, em 1837. Embora em 1825 tenha sido publicado Camões, obra de Almeida Garret, pode-se datar a o início do Romantismo a partir de 1836. Isso porque somente na sequência da obra de Alexandre Herculano tenham surgido outras obras com as características do novo estilo literário, considerando-se a obra de Garret uma obra de estreia e singular desse período histórico. O Romantismo é marcado por três gerações. Citamos seus principais autores e respetivas obras:
Almeida Garret escreveu teatros (O Alfageme de Santarém, D.Filipa de Vilhena, A Sobrinha do Marquês, Frei Luís de Sousa) novelas (O Arco de Sant’Ana e Viagens na Minha Terra) e poesias (Camões, Lírica de João Mínimo, Flores sem Fruto, Folhas Caídas).
Precursor do Romantismo em Portugal, com a obra Camões;
Apesar disso ele não se intitulava nem clássico nem romântico e, de fato, suas criações como poeta, prosador e dramaturgo estavam longe do sentimentalismo exagerado que caracteriza o típico escritor romântico.
Alexandre Herculano escreveu poesias (O Soldado, A Vitória e a Piedade, Tristezas do Desterro, O Mosteiro Deserto, A volta do Proscrito), romances (O Bobo, Eurico, o Presbítero, O Monge de Cister), lendas e narrativas (A Abóbada, O Bispo Negro, Dama Pé de Cabra), historiografia (Apontamentos para a História dos Bens da Coroa e Forais, História de Portugal).
A característica principal de suas obras é a historiografia, o relato da história de Portugal;
Sua principal obra é Eurico, o Presbítero, que fala sobre a figura do Clero, destacando o amor proibido, além da retomada do poder de Portugal.
Antônio Feliciano de Castilho escreveu Escavações Poéticas, Crônica Certa e Muito Verdadeira da Maria da Fonte, Tosquia de um Camelo, Ajuste de Contas.
Oliveira Marreca, economista, escreveu um dos primeiros tratados de economia em Portugal, intitulado Noções Elementares de Economia Política, entre outros vários artigos sobre a mesma ciência.
Camilo Castelo Branco escreveu Inspirações, Um livro, Ao Anoitecer da Vida, Pundonores Desagravados, Delitos da Mocidade, Murraça, Esboços de Apreciações Literárias, Curso de Literatura Portuguesa, O Eco Nacional, O Nacional, Amor de Perdição, Queda de Um Anjo, A Bruxa do Monte Córdova, A Mulher fatal.
Foi o primeiro autor a ganhar a vida com a Literatura. Ele vivia dela, e escrevia sobre temas que seriam lucrativos para ele. É considerado o criador da novela passional portuguesa, isto é, das histórias que envolvem a paixão;
Sua obra mais conhecida, e de maior destaque como novela passional, é Amor de Perdição.
Júlio Diniz escreveu As Pupilas do Senhor Reitor, Uma Família Inglesa, A Morgadinha dos Canaviais, Os Fidalgos da Casa Mourisca, Serões na Província.
Em sua obra não há o clima de tragédia e fatalismo que marca, por exemplo, a novela passional de Camilo Castelo Branco. Ainda que fale de amor e paixão, fala de um jeito mais simples e, no final, os mal entendidos se esclarecem e tudo se resolve. Sua obra possui um ar de otimismo e esperança;
Obra mais conhecida, inclusive com grande repercussão no Brasil: As Pupilas do Senhor Reitor.
O início do Romantismo no Brasil é classificado pela chegada da família real, em 1808. É um período de grande e intensa urbanização, que permite a divulgação de um campo livre de ideias para as novas tendências europeias. O romantismo no Brasil é influenciado pelas ideias liberais da Revolução Francesa e a Independência dos EUA. Ao mesmo tempo, o país caminhava rumo à própria independência. São os ideais que fazem crescer, após 1822, o nacionalismo, o retorno ao passado histórico, a valorização das coisas da terra e a exaltação da natureza. As obras consideradas como marco do Romantismo no Brasil são a Revista Niterói e o livro de poesias Suspiros Poéticos e Saudades, que foram publicadas em 1836 por Gonçalves Magalhães.
A poesia romântica brasileira é aquela que foi produzida durante o período do Romantismo no Brasil. Além da prosa, nesse período teve destaque a poesia romântica. Vale lembrar que esse termo pode ser utilizado para as poesias que envolvem a subjetividade do eu-lírico e seus aspectos românticos. lembrando que o Romantismo no Brasil inicia-se no ano de 1836, tendo como marco inicial a obra Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães. Didaticamente, na poesia, dividimos o movimento em três gerações: a primeira, nacionalista (1836 a 1852); a segunda, conhecida como ‘mal do século’(1853 a 1869); e a terceira, marcada pelo condoreirismo (1870 a 1880) .
Cada período romântico no Brasil apresenta suas peculiaridades sobretudo, no conteúdo da produção literária. Veja abaixo as principais características da poesia romântica em cada fase:
Gonçalves Dias foi um dos maiores poetas da primeira geração romântica do Brasil. Canção do Exílio é um dos poemas mais emblemáticos do escritor. Publicado em 1857, nesse poema Gonçalves Dias expressou a solidão e a saudade que sentia da sua terra quando esteve em Portugal.
Escritor brasileiro da segunda geração do romantismo (1853 a 1869), chamada de “geração ultrarromântica” ou “mal-do-século”. Essa denominação faz referência aos temas escolhidos pelos escritores desse período: acontecimentos tristes e trágicos, desilusões, amores não correspondidos, mortes, dentre outros. Merece destaque a antologia poética “Lira dos Vinte Anos”, única obra que o poeta preparou para publicação, e que foi somente publicada em 1853.
Em função do alto envolvimento com a causa abolicionista, Castro Alves ficou conhecido popularmente como “O poeta dos escravos”. No qual, sem dúvida, "O Navio Negreiro", obra de 1868, é uma das grandes peças de representação lírica do movimento abolicionista, em que está dividida em seis partes e se encontra dentro da obra Os Escravos. Antes de receber o nome, foi chamada, também, de Tragédia do Mar. Observe um pequeno trecho da referida poesia:
No Brasil, o desenvolvimento da prosa romântica é paralelo ao desenvolvimento da imprensa no país, que foi introduzida em 1808. Antes da vinda da Corte ao Rio de Janeiro, Portugal não permitia o desenvolvimento e a introdução da imprensa aqui no Brasil. A atividade passou a ser desenvolvida somente com a vinda da Corte portuguesa ao Brasil, em 1808, que exigiu o desenvolvimento da colônia para atender ao seu modo de vida. Com o desenvolvimento da imprensa, criou-se um público leitor que impulsionou um grande número de publicações em folhetins, formato que permitiu o surgimento e desenvolvimento da prosa romântica, que, ao lado da poesia, formaram toda a produção literária romântica. É importante colocar que, pelo fato da produção em prosa ter surgido no Romantismo, o nome romance é comumente associado ao movimento, muitas vezes sendo sinônimo de folhetim e de histórias românticas. No entanto, nem todo o romance é romântico/do Romantismo, uma vez que romance é apenas uma palavra que designa um gênero literário narrativo em prosa que teve vários desdobramentos ao longo do tempo.
O romance romântico, mais do que as poesias, queria responder e atender aos questionamentos sobre a identidade nacional. A prosa romântica tinha o intuito de redescobrir o Brasil, trazendo à tona e reconhecendo todos os espaços que o compunham, não só exaltando uma característica nacional, como a poesia fazia. Era comum a presença do flashback, uma volta ao passado para explicar um fato do presente. O sentimentalismo era mais visível, uma vez que toda prosa romântica tem histórias de amor que tentam quebrar barreiras, terminando no casamento ou na morte (quando o amor não era possível). Essa idealização de um amor que quebra barreiras traz à tona a ideia de que o amor é a única forma das personagens se purificarem. O conflito narrativo na prosa romântica também tinha a idealização de um herói, no entanto, apesar da coragem, da postura idealista e do desejo de justiça e moral, este herói esta inserido no contexto do romance ao qual pertence, podendo também ser uma heroína. O sentimento das personagens e os conflitos destes são mostrados na prosa e há também uma ideia muito forte de bem x mal, verdade x mentira, moral x imoral.
Ou seja, de maneira mais sucinta, as principais caraterísticas do Romantismo na prosa no Brasil:
Nacionalismo
Estética nativista
Exaltação da natureza
Idealização do índio como figura nacional, europeizado e quase medieval
Temos quatro tipos de romances no movimento: o indianista, histórico, regional e urbano e era bem comum que os escritores da prosa do período caminhassem entre os vários tipos.
Romance indianista
O romance indianista traz à tona a vida, cultura, crença e costumes indígenas. O índio surge como herói, representando o Brasil e o brasileiro, sendo corajoso, heróico, forte, idealizado. Há uma valorização da natureza e o espaço onde ocorre a narrativa remete ao natural, à paisagem brasileira.
Exemplos de romances indianistas
José de Alencar: O Guarani (1857), Iracema (1865), Ubirajara (1874).
O romance histórico traz o retrato de costumes de uma época passada, sendo um relato que muitas vezes mistura ficção e realidade.
Exemplos de romances históricos
José de Alencar: As Minas de Prata (1865), Guerra dos Mascates (1873). É importante saber que romances indianistas também podem ser considerados históricos.
Romance urbano
Os romances urbanos são os mais lidos até hoje. Em sua grande maioria, este tipo no Romantismo narrava uma história que geralmente ocorria nas capitais, na alta sociedade. Funcionava como crítica aos costumes, mostrando a sociedade e os interesses desta em uma determinada época. Os heróis e heroínas deste romance faziam ou não parte desta alta sociedade e tinham que superar várias barreiras para a felicidade e a realização do amor e do casamento (que redimia as personagens de todo o mal e imoralidade que elas pudessem ter), tal como nos outros tipos de romances românticos.
Exemplos de romances urbanos
José de Alencar: Cinco Minutos (1856), A viuvinha (1860), Lucíola (1862), Diva (1864), A pata da gazela (1870), Sonhos d'ouro (1872), Senhora (1875), Encarnação (1893).
Por fim, temos o romance regionalista, passado em ambiente rural, mostrando costumes, valores e cultura típica de uma região. Este tipo de romance trazia um maior conhecimento do Brasil sobre si próprio, uma vez que voltava seu olhar pra regiões diferentes do Brasil, trazendo à tona sua diversidade. Neste cenário rural há um herói do campo, sertanejo, alguém que pertence à sua terra e é o retrato desta. É bravo e honrado, preza a moral e os costumes de seu ambiente, colocando-se contrário às liberalidades da cidade e dos homens de lá. É importante ressaltar que não há tensão social no romance romântico regionalista, sendo este apenas um retrato regional de costumes, sem críticas.
Exemplos de romances regionalistas
José de Alencar: O gaúcho (1870), O Tronco do Ipê (1871), Til (1872), O Sertanejo (1875).
Úrsula, romance de Maria Firmina dos Reis, foi escrito em 1858 e pode ser considerado o primeiro romance abolicionista brasileiro de autoria feminina. A escritora é um exemplo de mulher que teve acesso à educação, mesmo sendo afro-brasileira. Dessa forma, pode-se dizer que a educação foi a forma encontrada para que a autora manifestasse sua visão crítica quanto à sociedade em que vivia. Maria Firmina dos Reis ainda impressionou a comunidade em que viveu fundando uma escola mista, algo inédito para a época. Ao publicar Úrsula, pela primeira vez em 1859, a autora, Maria Firmina dos Reis, assinou com o pseudônimo “Uma Maranhense”, estratégia muito utilizada por mulheres naquela época, por várias razões, entre elas porque deviam ficar com mais liberdade para expressar suas idéias, sem se preocupar tanto com as opiniões da sociedade. No caso de Maria Firmina, as novas idéias eram não somente sobre a condição feminina, mas também sobre a condição do negro. A obra possui um narrador em terceira pessoa que inicia a narrativa mostrando ao leitor a paisagem exuberante onde se passará a história. Utiliza uma linguagem poética, por meio da qual a ambientação natural é vista em quase toda a obra, salvo algumas exceções em que se mostra o pequeno vilarejo. A protagonista vive nesse ambiente natural passado no campo, mas algumas cenas ocupam lugar em um pequeno povoado de nome Vila dos Guimarães, no Maranhão.
2. Na atualidade, como é a inserção da mulher escritora na sociedade?
3. E da mulher escritora negra?
4. Cite 2 nomes de escritoras brancas.
5. Cite 2 nomes de escritoras negras.
13. Leia o poema: Canção do Exílio e responda:
13.1. O que é exílio?
________________________________________________
13.2. Caracterize o eu lírico do poema.
________________________________________________
13.3. No poema, o eu lírico compara a terra natal com a terra onde está
exilado. Que elementos são utilizados nessa comparação?
a)
sociais b)
naturais
c) econômicos d)
políticos
13.4. A distância da terra natal provoca no eu lírico
a)
Tristeza b)
Desespero
c)
Angústia d)
Saudade
13.5. Ao se referir à terra natal, o eu lírico apresenta uma imagem
a)
Realista b)
Racional
c)
Idealizada d)
Imparcial
13.6. Quais os principais temas característicos do Romantismo apresentados
nesse poema?
_______________________________________________
13.7. Nos versos “Em cismar, sozinho à noite/ Mais prazer encontro eu lá”,
destaca-se a característica romântica:
a) exaltação da
natureza
b) valorização da cultura popular
c) escapismo
d) crítica social
13.8. Apresenta um apelo o verso
a) “Minha terra tem palmeiras”
b) “Que tais não encontro eu cá”
c) “Nosso céu tem mais estrelas”
d) “Não permita Deus que eu morra”
13.9. Revela-se no poema um tom de
a)
lamento b)
humor
c)
ironia d)
rancor
14.UFSE - Na estrofe a seguir, de Álvares de Azevedo, revela-se um traço forte de sua poesia, a:
“Quando junto de ti sinto às vezes
Em doce enleio desvairar-me o siso,
Nos meus olhos incertos sinto lágrimas…
mas da lágrima em troca eu temo um riso!”
a) idealização da
amada, retratada como musa etérea, solene e distante;
b) projeção da própria morte, a um tempo temida e
desejada;
c) sátira impiedosa, pela qual se rebaixa a
linguagem ao plano do cômico;
d) insegurança amorosa, por temor de que a
realidade rechace o devaneio lírico;
e) força material do cotidiano, expressa num
detalhismo quase realista.
15. U.E. Ponta Grossa-PR “Se eu morresse amanhã”,
com certeza, é um dos poemas mais lembrados de Álvares de Azevedo.
“Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! Que céu azul! Que doce n’alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã…
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!”
Nele estão contemplados temas recorrentes em sua
poesia e na estética romântica, como:
01.a exaltação de sentimentos pessoais, com
desespero e pessimismo;
02.a análise crítica e científica dos fenômenos
sociais brasileiros;
04.o desajustamento do indivíduo ao meio social,
que conduz à dor, à aflição e à busca da solidão;
08.a valorização de elementos ligados à natureza,
em poesia simples, pastoril, bucolicamente ingênua e inocente.
16. A morte como alívio para o “mal-do-século”. Leia
um trecho do poema de Castro Alves “O Navio Negreiro”, poeta da terceira
geração do romantismo, colocando verdadeiras ou falsas para as alternativas:
O navio negreiro
V
Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor
Deus! Se é loucura... se é
verdade Tanto horror perante os céus?! Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas
vagas De teu manto este
borrão?... Astros! noites!
tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados Que não encontram em
vós Mais que o rir calmo da
turba Que excita a fúria do
algoz? Quem são? Se a estrela se
cala, Se a vaga à pressa
resvala Como um cúmplice fugaz, Perante a noite
confusa... Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a
luz. Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados Que com os tigres
mosqueados Combatem na solidão. Ontem simples, fortes,
bravos. Hoje míseros escravos, Sem luz, sem ar, sem razão. . .
São mulheres desgraçadas, Como Agar o foi também. Que sedentas,
alquebradas, De longe... bem longe
vêm... Trazendo com tíbios
passos, Filhos e algemas nos
braços, N'alma — lágrimas e
fel... Como Agar sofrendo tanto, Que nem o leite de pranto Têm que dar para Ismael. (...)
a) (
) O eu lírico expressa um sentimento de revolta à escravidão e ao tráfico de
seres humanos.
b) (
) Há uma crítica ao comportamento submisso dos escravos.
c) (
) Castro Alves foi um poeta que se destacou por meio da denúncia social,
expressa em seus poemas.
d) (
) O poema épico “O Navio Negreiro” é marcado pelo pessimismo, a revolta e o
valor da morte, algumas características da terceira geração do Romantismo.
e) (
) o sentimento nacionalista está presente no poema ao apresentar uma
idealização do Brasil por alguém que está exilado.
OBRAS EM DIÁLOGOS
O Grupo O Rappa, na canção "Todo camburão tem um pouco de navio negreiro" dialoga com o poema do poeta condoreiro.
O cantor e compositor Lenine se inspirou na nos personagens Peri e sua amada Ceci - do romance de José de Alencar "O Guarani".
1. Qual é o tema principal de cada vídeo?
2. Nos dias de hoje, como são vivenciadas as questões abordadas nos vídeos?
3. Quais as suas sugestões, para cada tema abordado nos vídeos, sobre a inclusão de fato das pessoas na sociedade?